Os servidores públicos da Educação de Itajaí terão que voltar às salas de aulas e unidades escolares nessa segunda-feira. Um dia após decretar a suspensão das aulas presenciais, o prefeito municipal voltou atrás na decisão na sexta-feira, mesmo o município tendo admitido oficialmente através das secretarias de Educação e de Saúde que há uma crescente exponencial de casos de covid-19 em professores e alunos. O município também informa “iminente incapacidade de atendimento às situações de agravamento pela saúde pública”.
Desde o retorno às aulas presenciais, no início de fevereiro, o Sindifoz e a categoria têm denunciado casos e mais casos de profissionais testando positivo para covid-19, tanto de servidores efetivos, quanto de trabalhadores terceirizados e até secretários e diretores escolares. Pessoas que durante todo o ano de 2020 e até o dia 3 de fevereiro não haviam contraído o coronavírus, começaram a se infectar nas escolas. Com esses afastamentos, servidores estão sendo sobrecarregados nas unidades, pela falta de efetivo suficiente.
Tudo isso ocorre à beira de um colapso no sistema de atendimento de saúde, como informou o município, que pode atingir diretamente os servidores que, por ventura, necessitarem de leitos de internação. Vale lembrar que as crianças também estão contraindo o vírus nas escolas e levando para os seus lares, expondo as próprias famílias à contaminação.
Não bastasse tudo isso, professores e profissionais da Educação ainda estão sendo ofendidos e taxados de “malandros” e “vagabundos”, entre outros termos, por parte da sociedade, justamente por estarem lutando pelo direito à vida, não só deles, mas de todos os envolvidos na comunidade escolar.
Essa parcela da sociedade desconhece que, em um colapso do sistema de saúde, ela também será atingida e também poderá perder familiares e pessoas próximas por falta de atendimento. Se isso acontecer, quem vai se responsabilizar pelas vidas perdidas?
Não resta dúvidas de que o ensino remoto, como ocorreu em 2020, é a opção mais segura no momento para todos, enquanto não houver vacinação dos profissionais da Educação. Durante o último ano letivo, os professores se esforçaram, e muito, para apresentar o conteúdo de forma online e, certamente, eles também prefeririam estar em sala de aula com os alunos. Porém, o momento é crítico e a vida das pessoas precisa estar em primeiro lugar.
O que a sociedade não sabe é que as preocupações de parte dos servidores da Educação vão além dos riscos que todos estão correndo nas unidades. Na folha salarial de dezembro, as férias não foram pagas e creditadas apenas no dia 8 de janeiro. Porém, por um erro do RH da prefeitura, as mesmas foram pagas em duplicidade e o valor descontado na folha de fevereiro, em parcela única, a qual deveria ser descontado de forma parcelada.
Dessa forma, vários servidores chegaram a receber apenas um centavo de salário no mês de fevereiro. Há pessoas que ainda estão devendo para o município e para a ASPMI e tiveram o cartão da Associação bloqueado, ficando sem acesso até a medicamentos. Ou seja, por um erro da própria administração, quem está sendo o maior prejudicado é o servidor.
O servidor da Educação, além de estar sofrendo no dia a dia com o medo de se contaminar, vendo colegas se infectando, cobrindo a ausência dos colegas, sendo achincalhadas pela rede privada de educação, ainda tem que aguentar os erros da administração na folha de pagamento. Respeitem a educação pública, respeitem o servidor público.